MANAUS - A vazante do rio Madeira, provocada pela estiagem severa que afeta Rondônia e o Sul do Amazonas, prejudica cada vez mais o transporte fluvial de cargas na região. Os prejuízos para o agronegócio são crescentes, segundo entidades ligadas ao setor, nos dois estados.
O vice-presidente do Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial do Estado do Amazonas (Sindarma), Claudomiro Carvalho Filho diz que, até o momento, o prejuízo causado pela situação não comprometeu o custo do frete, mas que não será possível impedir os reflexos por muito tempo.
"Se a vazante continuar no ritmo que está, em outubro não será mais possível navegar pelo Madeira. Toda a produção que utiliza o rio será deslocada para os trechos entre Manaus e Belém, além de percursos marítimos através do Porto de Santos. Isso vai representar um aumento de mais ou menos 25% no valor do frete”, disse Carvalho.
Para o presidente do Instituto de Pesquisas Agropecuárias de Rondônia (Faperon), Hélio Dias, a situação é preocupante atualmente, mas está otimista e acredita que o cenário de interrupção total do transporte de cargas pelo Madeira não vai se concretizar. Na opinião dele, a vazante está no seu pior momento e em breve, o rio vai começar a subir.
Em relação aos prejuízos ao agronegócio em Rondônia, Claudomiro avalia que as cadeias de peixe, madeira e carne são as mais afetadas. Entretanto o setor de grãos, um dos mais importantes do Estado, não sofrerá do mesmo jeito, porque o período de pico da safra de milho e soja acontece entre janeiro e junho. Os impactos no período de agosto a novembro são inferiores a 20% de toda a produção de grãos.
No Amazonas, que tem um produção menor, a seca afeta justamente a área onde está concentrada a produção agropecuária do Estado. De acordo com o Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas (Faea), Muni Lourenço, a navegação sofre restrições no trecho entre os municípios de Humaitá e Apuí. Na região, o baixo nível da água paralisou totalmente o trânsito de balsas.
Segundo Lourenço, os municípios de Humaitá, e a comunidade de Santo Antônio do Matupí, em Manicoré, que são polos produtivos de destaque no Amazonas, são os mais prejudicados. "Nós temos notícias de produtores que estão na fila de caminhões esperando a balsa de Apuí para poder comprar sementes e insumos. Além disso o combustível nessa região tem sido comprado em Itaituba, no Pará, à 700 quilômetros de Apuí", revela.
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